#5 – Volta da Serra de Arcádia

Ao despertar da manhã do dia dez de novembro, ciclistas de Valença, Barra do Piraí, Piraí, Paracambi, Japeri e Vassouras vão em direção ao Posto Santa Amália na BR393 em Vassouras. O posto Shell do Santa Amália é o local de partida e chegada para boa parte dos treinos de ciclismo de estrada em Vassouras. Aos poucos reuníamos um a um para a grande festa. Às 7:20, sol entre nuvens, dava-se a largada quando às 7:21 quando eu e Victor chegamos ainda nos primeiros metros do pelotão que já estava na estrada.

No caminho, nada mais saudável do que as piadas e histórias que só nós ciclistas somos capazes de entender, então forma-se o pelote como se fôssemos chegar a outro estado em questão de minutos. Nos momentos “tranquilos” fazemos alguns registros e até mesmo takes em câmera lenta para eternizar esse momento ímpar. Em pouco mais de meia hora atravessamos o Centro de Mendes, onde encontramos com o amigo Geovane da cidade de Piraí e seguimos rumo a Frontin. Nessa serra entre Mendes e o Alto do Chafre além de enfrentarmos nossa respiração, temos de ter cuidados em não acertar os buracos e remendos presentes morro acima. Na descida da Serra de Frontin, novidade para alguns presentes, não demorou para agregar valor ao pelote nosso amigo Roberto Schiavo da loja Mountain Cicle.

Chega o momento tenso, a descida da Serra de Paracambi. Para os amantes do MTB, descer por lá não há o menor problema, o perigo aumenta em 500% para as speeds, por conta do asfalto altamente irregular com buracos que surgem da noite para o dia, curvas fechadas e com remendos, fora a velocidade que temos que controlar…. Resumo da ópera: chegamos lá embaixo com as mãos trêmulas, fracas e por vezes com dores agudas tamanha é a tensão causada para podermos chegar ao final dela ilesos. Enfim, todos nós aguardamos ansiosamente por uma atitude resolutiva para recapear o mais breve possível toda a extensão que leva de Paracambi à Mendes, nossa querida via RJ-127.

Não demorou para que chegássemos a Paracambi, então seguimos reto em direção à estrada de Japeri. Felizmente a sorte nos abençoou e não estava aquele calor infernal característico de lá nessa época do ano.  Na estação de Lajes encontramos os amigos Hércules e Flávio Japeri. Após esse caldo ciclístico engrossado, totalizamos 18 ciclistas no pelotão sul-fluminense. O pelote fluía bem e compacto pela estrada de Japeri x Arcádia até o momento em que uma motinha Honda Biz aparece…

A maior alegria de um ciclista é andar em alta velocidade como se fosse um World Tour, então quando uma oportunidade de vácuo como essa surge, dificilmente ela é ignorada. Não foi diferente em nosso pelote…. Dos 40km de média que os velocistas Arlon e Monteiro faziam acontecer, do nada pulou para mais de 50km/h da mais pura sensação de adrenalina, onde, corajosamente, José Guilherme, Erison Xaropinho, Arlon, eu e alguns outros mais resolvem esquentar o treino, turbinando atrás da motinha que soltava forte cheiro de gasolina com óleo. Foi um momento no mínimo engraçado do ponto de vista de quem resolveu apenas se manter no pelotão. Não durou muito e logo em seguida resolvemos fazer uma breve parada em um depósito de bebidas que, curiosamente, não tinha coca-cola.

Terminado o lanchinho, seguimos em velocidade de cruzeiro para a temível subida que nos esperava. Após cruzarmos a ponte na altura da Parada Arcádia (vulgo Chinês), finalmente entram em cena os Escaladores e começamos a subir com José Guilherme, eu, Anderson Vasconcellos e Hércules encabeçando o pelotão. Durante uma subida longa como a respeitável Serra de Arcádia, naturalmente que o pelotão se segrega em vários pelotes de diferentes afinidades de performance. Escaladores, passistas escaladores, velocistas e sprinters vão seguindo cada um o seu ritmo. O jogo meio que “vira” tanto dos que comandam no plano para os que falam mais alto nas subidas. Falam tão alto que lá na frente chegou a ser sentida a forte pressão imposta pelo Anderson “CL” que assustou a galera que compunha o meio da coisa toda com seu imbatível ataque, a la Vincenzo Nibali, em um daqueles cotovelos morro acima. Essa pedalada foi bastante democrática, haja visto que houve terreno para todos os participantes. O belo visual da serra compensou o esforço e a união de todos para que pudéssemos contemplar a beleza em cada curva feita, em cada metro vigorosamente pedalado, suado e esforçado até chegar lá em cima. Ao chegarmos em Portela, por lá ficamos um bom tempo trocando ideias e experiências até todos chegarem e se hidratarem.

Depois do alto índice glicêmico consumido, várias Cocas e batatas depois, seguimos rumo a Vassouras para cumprir os últimos 30km que restavam. Antes de iniciar a descida, foi notável a discrepância de temperatura nas diferentes cidades que percorremos como Paracambi, Japeri e o Alto da Serra, uma diferença de 4.5°C. No trecho entre Portela e Sacra Família a brincadeira ficou bastante interessante com vários ataques dados, perseguição e fugas neutralizadas. Os amigos de Frontin resolveram seguir seu caminho por Sacra Família e o restante seguiu até o trevo do Morro da Vaca onde, de vez, o enorme pelotão se desfez cada um seguindo seu rumo. A grande maioria seguiu para o ponto inicial, Posto Santa Amália, onde finalizamos com uma bela foto com quem completou o desafio! Parabenizamos ainda os amigos de Barra do Piraí que vieram e retornaram pedalando, cumprindo assim um respeitável Gran Fondo.

Relato do Hércules:
“Fala pessoal, boa tarde.
Quero falar aqui pra vcs que estou super feliz em ter feito um belo treino de speed ontem com essa galera super nota 10, amigável e que bota pra andar kkk…
Experiência muito boa ,ainda mas para minha pessoa, afinal ciclismo de estrada não é minha modalidade. Mas grudei no pelotão e o treino rendeu,varios RP’s novos no strava.
Valeu galera, obrigado pelo treino vcs são top!
Quando tiver outro, pode chamar que eu tô dentro!
Abraços.
Ass.: Hércules Ramos
@hercules_hrt”

Relato Rodrigo Monteiro:
“Pelote frenético!
Lindo de ver a galera unida!
Emoção a flor da pele
Queria um pedal desse por mês!
Abraço a todos!
Estarei nos próximos!”

Relato Geovane Scardino:
“Então, meu brother.
Primeiro, agradeço pela oportunidade de ter estado no pelotão de ontem, onde só tinha casca grossa. Pedal foi muito chique, bem diversificado, com muitas subidas, e ótimas descidas técnicas e até mesmo uma bela serra para aumentar ainda mais a diversão, sem contar o “motopace”! Rs.
Abraços e fique com DEUS.”

Relato do Anderson CL
“Treino muito bom, galera num nível bem elevado. Achei o treino bem dinâmico. Parabéns a todos nós. Sobre o meu ataque na montanha: Marco Pantani vive kkkkk’’

Relato do Xaropinho
“Um treino com amigos que teve mais emoção que uma corrida, onde todos não queriam fazer feio”