A corrida foi em Maio, mas a guerra psicológica nos reconhecimentos do percurso começou meses antes. As voltas voadoras meses antes da prova não só serviam de treino, mas também para pressionar os adversários. Nessa nona edição o Bike Tour trouxe dois dias de prova, percurso PRÓ e Sport e diversas categorias.
No sábado, primeiro dia de prova, minutos antes da largada escuto o Rodrigo gritar mais ou menos 10 metros atrás de mim “estou bem atrás de você, toma cuidado comigo”. Eu já vinha fazendo isso nos últimos dois meses, acompanhando o volume de treino dele, quantas horas treino, onde estava treinando, muito ou pouca subida, tudo isso no Strava dele.
Meu plano era simples, largar forte e sustentar o ritmo pelo máximo de tempo que desse. A largada é em movimento e controlado até sair do centro da cidade, quando as motos saíram da frente das bikes, fiz força ou achei que estava fazendo até ver o Zé assumir a frente do pelotão alguns metros na minha frente.
Não consegui encaixar em nenhum pelotão e os primeiros dez quilômetros praticamente pedalei sozinho até formar um pequeno grupo com o Daniel (Barra do Piraí), Francisco (Valença) e mais dois caras. Seguimos por alguns quilômetros juntos até o Daniel desgarrar do grupo no primeiro subidão. Pedalei até um pouco depois da metade da prova com o Francisco até ele sumir numa subida também.
Por volta do quilômetro cinquenta a estratégia de fazer o máximo de força possível no início da prova já não me parecia não ter sido uma boa estratégia, a máquina dava os primeiros sinais de fraqueza. Foi quando tive que quebrar a regra do nunca olhe para trás, pois eu já não sabia se estava fazendo força o suficiente e o “estou bem atrás de você, toma cuidado comigo” começou a reverberar na cabeça e a cada final de reta passei a procurar o Rodrigo, olhando para trás. Não queria deixar a vitória escapar depois de tantos anos perseguindo-a.
Nessa categoria, que já foi uma das mais disputadas da corrida, com mais de 30 inscritos, só pode se inscrever pessoas que tenham nascido em Vassouras ou moram lá. Das nove edições que tivemos do Bike Tour, eu já havia conseguido vencer dois anos, 2010 e 2012. Nas três edições seguintes 2015, 2016 e 2017 peguei pódio ou tive problemas mecânicos, mas em nenhuma dessas últimas três com chances reais de disputar a vitória.
Faltando dez quilômetros para acabar a corrida, começaria uma sequência de descidas e um pouco antes de começar a descer alcancei o Robinho (Barra do Piraí), descemos juntos e quando chegou no plano deixei ele e forcei um pouco mais para colocar o máximo de tempo entre eu e Rodrigo.
No segundo dia seria uma prova rápida e curta, com cerca de quarenta quilômetros. Eu estava com folgados 26 minutos na frente do Rodrigo, o maior desafio seria um trecho novo dentro da fazenda da Jabuticabeira, como tinha chovido no sábado a tarde, estava bem escorregadio e não quis colocar a liderança em risco. Voltando para a antiga linha voltei a fazer força e sem muita dificuldade consegui o tricampeonato.
Abaixo a relação de todos os vencedores ano a ano nas respectivas edições do Bike Tour na categoria Local.
2008 – Igor Alves
2009 – Victor Telles
2010 – Danilo Gasiglia
2011 – Cristiano Barreto
2012 – Danilo Gasiglia
2015 – Lucas Sant’ana
2016 – Geovanni Teixeira
2017 – Josimar Barbosa
2019 – Danilo Gasiglia
Na Super Elite o Caveira fez o bicampeonato no auge dos seus 51 anos, dez anos depois do seu primeiro título na Elite. Parabéns ao Gzus pelo terceiro lugar na Super Elite, melhor posição de um atleta local no Bike Tour. Abaixo a relação dos vencedores na Elite ano a ano.
2008 – Robson Ferreira
2009 – Claudio “Caveira” Souza
2010 – Robson Ferreira
2011 – Marcelo Portela
2012 – Robson Ferreira
2015 – Robson Ferreira
2016 – Robson Ferreira
2017 – Robson Ferreira
2019 – Claudio “Caveira” Souza
Eu também tentei levantar todos os títulos feminino ano a ano e especificamente da Talita, que subiu no lugar mais alto do pódio muitas vezes nessas nove edições, mas não consegui levantar a informação de todos os anos.