A novidade que o Strava lançou alguns dias atrás, abriu um novo horizonte dentro do aplicativo, a premiação virtual é identificada por uma coroa de louros para o guerreiro que mais completou o segmento nos últimos 90 dias.
O interessante que diferentemente dos KOMs, que visam força e velocidade, o local legends visa volume e regularidade. Isso permite que você foque nas duas modalidades em diferentes fases do seu treino. Quem nunca queimou as pernas no período de base para conseguir um KOM ou um top10 em algum segmento específico?
Inicialmente o recurso só está disponível no aplicativo, mas nos próximos meses o site receberá o update e mostrará as lendas locais também. A novidade está dando o que falar para quem sempre pensou em pegar um KOM em um segmento disputado. Um exemplo disso, é o segmento aqui no Rio chamado Vale Encantado, o KOM é simplesmente do Vincenzo Nibali, que semanas antes das Olimpiadas resolveu dar um treino lá.
Considero as três principais subidas aqui do Rio, Mesa do Imperador (via horto), Canoas e Sumaré, exatamente nessa ordem. Mesa do Imperador por ser o segmento com mais tentativas do Rio e ter a Vista Chinesa como um dos principais pontos turísticos da cidade, faz dela a subida mais clássica do Rio. A subida tem 286 mil tentativas registradas no Strava. Com um belo visual e trechos bem inclinados, ela mescla diversos percentuais de inclinação ao longo dos 4,5km de subida. Tijo Novello é atualmente a lenda local com 51 marcas na subida.
A Estrada de Canoas para mim é a segunda subida mais importante aqui no Rio, com pouco menos de 4km e uma inclinação média de 9% ela não é para qualquer um. Com trechos extremamente inclinados, o guerreiro Alberto Fernandes conseguiu fazer 44 subidas nos últimos 90 dias, tornando a lenda local de Canoas. Impressionante média de dia sim dia não de treino em uma subida bem dura. Para mim, a subida mais dura com grande volume de ciclistas no Rio de Janeiro.
A Estrada do Sumaré, uma das subidas mais longa aqui do Rio, com seus 9km com 5,5% de inclinação o guerreiro Robson Ramalho fez 27 marcações nos últimos 90 dias. Levando em consideração a extensão da subida é uma marca boa. Não costumo fazer esse segmento por ele ficar bem fora de mão e achar ele mais perigoso, comparado com as outras partes da Floresta da Tijuca.
Olhando os segmentos da região Sul Fluminense do estado do Rio, vejo as três principais serras de acesso a região como as mais relevantes. Em primeiro lugar a Serra das Araras, seguida pela Serra de Arcadia e Serra de Paracambi. A Serra de Araras de longe tem os tempos mais duros, vários grupos do grande Rio treinam ali, com acostamento ao longo de quase toda subida, asfalto bem liso e curiosamente o KOM perdura com Alex Arseno desde 2012. Parece inalcansável. Mas para se tornar uma lenda local, basta persistência e foco. Com 6 mil marcações é a serra com maior volume de treino da região, o guerreiro que está com o título de lenda local é o Alex Cunha, com 24 marcações nos últimos 90 dias.
A Serra de Arcadia atualmente possui o melhor asfalto, no final do ano passada nosso grupo fez o longão Volta da Serra de Arcadia com direito a fuga e tudo mais, sofri demais esse dia. Nos últimos 90 dias o detentor da coroa de louros de lenda local da serra é o Ryan Carvalho, com 23 marcações no segmento. Ryan que no início do ano fez um pedal sem fim comigo e Gzus (Volta do Horto – Meio off meio road). Tivemos mais problemas e histórias do que pedal mesmo.
A Serra de Paracambi para mim é a mais emblemática, por ter treinado e passado muitas vezes ali, bem antes do Strava entrar no jogo. Mas notóriamente é a mais judiada, com diversos buracos, sem sinalizações e acostamento zero ao longo de todo percurso, afasta demais os ciclistas. Canteiro de treino do Robson Ferreira por muitos anos é a que possui a maior disparidade entre o KOM e os demais tempos, incríveis 4 minutos. A lenda local está com o Marcio Salgado, com apenas 5 marcações, certamente reflexo das condições atuais da serra.
Cada serra tem sua característica, Araras veloz, Arcádia envolvente com suas curvas e saber o ponto certo a acelerar, a de Paracambi é pra mim a com maior acesso, e a com maior dificuldade, a mais inclinada, o meu estilo de andar. Era meu teste para as principais competições, lá onde fazia meu teste de campo e depois com o medidor de potência o meu teste de FTP.
Classificando elas em grand tours:
Serra de Paracambi – Giro – a mais difícil;
Serra das Araras – Tour – glamour;
Serra de Arcádia – Vuelta – tradição;