O treino indoor entrou na minha rotina há três anos, no início dos meus treinos planilhados com a assessoria esportiva Treineonline. Inicialmente executava os treinos mais fortes e de endurance na pista e os regenerativos no rolo e sinceramente, era um martírio rodar por mais de uma hora, naquele equipamento, ainda que seguindo as orientações do treino, que ajudam muito o tempo passar. Logo passei a executar todos os treinos na pista e o velho rolo ficou lá, esquecido, Graças a Deus.
Vale uma observação: Sempre ouvi dois conselhos dos amigos com relação aos treinos indoors, o primeiro, cuidado com a hidratação; o segundo, como meu rolo é de equilíbrio, treinar a pedalar em pé, não ficar muito tempo sentado no selim. rolo de equilíbrio é pedal 100% do tempo, diferente dos outros sistemas!
Algum tempo depois a rotina em casa viria a mudar, me levando a adquirir um novo rolo. O modelo escolhido, foi novamente o de equilíbrio, ou rolo solto, sem nenhuma conectividade, da fabricante EasyScroll.
E foi também nesse momento que chegou a pandemia. Era preciso fazer alguma coisa para tornar os treinos indoors mais atrativos, como forma de me proteger nos momentos mais agudos da crise. E procurando saber sobre vídeos e aplicativos para treino indoor, achei o Zwift (www.zwift.com) a plataforma mais interessante. Antes peguei muitos conselhos com o amigo ciclista Igor Lordello, expert no assunto Zwift e parafernálias eletrônicas. Alguns dos seus conselhos? “-Instala e testa, depois me fala!”; “-Tenho amigos no Rio de Janeiro que pedalam mais indoor que na pista!”. “Você precisa considerar a preparação física indoor!”. Soa estranho né? Acho que ele já sabia das consequências. Instalei o aplicativo no notebook para matar a curiosidade e por um acaso acabei descobrindo que o Bluetooth do notebook se conectava ao pedal Garmin, foi o bastante para aproveitar o período free trial (o aplicativo oferece 7 dias de degustação). Após a degustação, veio a dúvida: realmente vale a pena a assinatura? São consideráveis USD$14,99 + IOF pela assinatura mensal, numa época de desvalorização do Real. Bom, antes de assinar, adquiri mais um equipamento, o stick USB ANT+, para ter os dados completos, como cadência e batimentos cardíacos. Enquanto o pequeno e barato dispositivo não chegava, acabei ganhando mais uns dias de teste no Zwift.
De cara os treinos no rolo ficaram mais longos, passei a conseguir completar rotinas inteiras de treino, entre 1:30h e 2h de treino. Lembra no início do texto, que era insuportável passar mais de 1h no rolo, esquece, realmente estava ficando mais divertido. E olha, que executar rotinas de treino no Zwift não proporciona uma imersão total no “vídeo game” e usufruir de todos os recursos que ele dispõe.
E assim, fui aproveitando os pedais livres para aprender sobre o “jogo”, race, group ride, group workout, fondo e time trial, além de estruturas de exercícios (workout) baseados no seu FTP. No meu caso, o aplicativo utiliza a métrica W/Kg para equilibrar a disputa, por isso informar o peso corretamente no preenchimento do perfil é necessário. Outro recurso presente é o vácuo, portanto, no pelotão é possível fazer menos esforço para acompanhar a turma, como na vida real.
O ciclista G-zuss (Vassouras/RJ), por exemplo, realizou seu teste de FTP utilizando um smart trainer e o Zwift. O aplicativo possui três protocolos de testes FTP.
Mas, onde o Zwift, treino indoor e o Long Distance (www.longdistance.com.br) se encontram? Bom, no início da pandemia o ciclista de Barra do Pirai/RJ, Daniel, já havia feito alguns longões no rolo, feito que mereceu destaque no grupo. Para mim, ficou o desafio, será que eu também consigo fazer um longão no rolo?
Como estava receoso de ir para a pista devido ao volume de carros, retornando das festas de fim de ano, procurei por eventos na página do Zwift e encontrei o “Zwift Fondo Series 2020/21”, pronto, está aí o link. Este é um pedal em grupo em que o desafio é completar uma das três categorias de distância: A-97,8km; B-72,9km e C-52,2km, no “mundo” Watopia. Então, vamos tentar, escolhi a categoria A – 97,8km, mas é claro que rodaria até os 100km para cumprir as exigências do Long Distance – https://www.strava.com/clubs/longdsitance (para ser contabilizado no ranking do grupo, o pedal precisa ter mais de 100km).
Vamos ao pedal. O evento estava marcado para domingo, 11h. Iniciei um aquecimento de 15’ e lá vão eles, o ritmo no início é mais forte, com o pessoal procurando se encaixar no pelote. Procurei começar um pouco mais forte, pois saberia que o tempo, seria um inimigo e tanto. O primeiro terço do trajeto, foi com média superior a 30km/h, atacando algumas subidas, para me posicionar melhor e aproveitar os recursos do vácuo, assim cheguei bem a metade do trajeto. Daí para a frente, aliviei e comecei a me preocupar em completar o desafio, seguindo em ritmo de cruzeiro. No último terço do trajeto, que as coisas começaram a complicar e tive algumas câimbras, talvez provocada pela desidratação. O que eu não imaginava é que os últimos 10km do trajeto, seria de uma subida infernal, tipo final de etapa Pro Tour, derrubando drasticamente a média e me consumindo quase 1h de pedal. Já com 3h de pedal, foi uma contagem regressiva, km por km até chegar ao passo da montanha. Foi um desafio e tanto superar os 97,8km do Fondo, com um plus do Long Distance. O corpo estava realmente destruído ao final.
Sei que nada substitui a atividade ao ar livre e nem é esta a proposta, mas condições de tráfego, clima e rotinas pessoais, podem atrapalhar os treinos e a atividade indoor é um importante aliado. Eu mudei meus conceitos sobre treinos indoors e eles de fato estão mais divertidos.
Acredito que em breve o Long Distance também terá que se adaptar a nova realidade e possuir um ranking e-Sports.
O Campeonato Mundial UCI e-Sports já é uma realidade, a plataforma escolhida para 2020 foi o Zwift.